segunda-feira, 13 de outubro de 2008

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Doenças Sexualmente Transmissíveis
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Após o início da epidemia de AIDS
( nos primeiros anos da década de 1980 ),
as Doenças Sexualmente Transmissíveis
readquiriram importância como
problema de Saúde Pública. Hoje são
importante grupo de doenças de âmbito
multiprofissional, porque transcendem os achados
médico-biológicos, incorporando aspectos
sociológicos, educacionais,
políticos e até jurídicos, já que estão
relacionadas a temas como atividade
sexual precoce, gravidez indesejada,
abuso sexual, prostituição,
consumo e tráfico de drogas
e à AIDS. São também
responsáveis por graves seqüelas,
como, por exemplo, infertilidade
e impotência, além de íntima relação
com neoplasias malignas
genitais, anais e uterinas.
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Alguns fatos negativos ainda
contribuem para dificultar a vigilância epidemiológica
e o tratamento adequado dos pacientes com DST:
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Ainda são escassos os dados epidemiológicos
relativos às DST, embora já se percebam
melhoras após a implantação do Programa
de Saúde da Família;
Os portadores de DST continuam
sendo discriminados em vários níveis
do sistema de saúde e muitas vezes
o acesso à consulta médica é difícil;
A irregularidade na disponibilização
dos medicamentos específicos,
por provisão insuficiente
ou pelo uso para tratamento
de outras enfermidades;
As técnicas laboratoriais existentes,
para muitas das DST, não apresentam a sensibilidade
e/ou especificidade satisfatórias;
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A conseqüência da falha nesses níveis de atendimento
faz com que a grande maioria dos pacientes
busque atendimento em farmácias comerciais,
resultando em orientação e tratamento inadequados.
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DIVISÂO DAS SÍNDROMES EM DST:
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CORRIMENTO GENITAL: SEXO FEMININO
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Etiologias mais comuns: Tricomoníase, vaginose
bacteriana e candidíase
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CORRIMENTO URETRAL
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Etiologias mais comuns: Gonorréia,
infecção por clamídia, tricomoníase,
micoplasma, ureaplasma
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ÚLCERA GENITAL
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Etiologias mais comuns: Sífilis, cancro mole,
donovanose, herpes genital.
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DESCONFORTO OU DOR PÉLVICA
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Etiologias mais comuns: Gonorréia,
clamídia e infecção por germes anaeróbios.
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DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
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HPV ( PAPILOMAVÍRUS HUMANO)
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Doença infecciosa, de transmissão freqüentemente sexual, causada pelo Papilomavírus Humano, também conhecida como condiloma acuminado, verruga genital, jacaré, jacaré de crista, cavalo de crista ou crista de galo. A meu ver, é uma das mais importantes DST, por existirem estudos que comprovam importante associação entre alguns grupos de papiloma vírus e o câncer de colo de útero. Os tipos de alto risco oncogênico ( 16, 18, 45 e 56, sobretudo), quando associados a outros co-fatores, têm relação com o desenvolvimento das neoplasias intra-epiteliais e do câncer invasor do colo uterino.
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Quadro Clínico:

Maioria das infecções - assintomáticas ou inaparentes;
As lesões podem apresentar-se como lesões exofíticas;
Podem assumir uma forma denominada subclínica,
visível apenas sob técnicas de magnificação
e após aplicação de reagentes, como o ácido acético;
Podem apresentar-se como infecção latente
em que não existem lesões clinicamente
identificáveis ou subclínicas, apenas sendo detectável
seu DNA por meio de técnicas
moleculares em tecidos contaminados.
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Obs: Não é possível estabelecer o intervalo mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento de lesões, que pode ser de semanas a décadas.

Os condilomas, dependendo do tamanho e localização anatômica, podem ser dolorosos,friáveis e/ou pruriginosos. Quando presentes no colo uterino,vagina, uretra e ânus, também podem ser sintomáticos.

As verrugas intra-anais são predominantes
em pacientes que tenham tido coito anal receptivo.
Já as perianais podem ocorrer em homens
e mulheres que não têm história de penetração anal.
Menos freqüentemente podem estar presentes
em áreas extragenitais como conjuntivas,
mucosa nasal, oral e laríngea.
Na forma clinica as lesões podem ser únicas
ou múltiplas, localizadas ou difusas
e de tamanho variável, localizando-se
mais freqüentemente no homem, na glande,
sulco bálano-prepucial e região perianal,
e na mulher, na vulva, períneo,
região perianal, vagina e colo.
Os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 45, 51, 52, 56 e 58,
são encontrados ocasionalmente
na forma clínica da infecção (verrugas genitais)
e têm sido associados com lesões externas (vulva, pênis e ânus),
com neoplasias intra-epiteliais
ou invasivas no colo uterino e vagina.
Quando na genitália externa,
estão associados a carcinoma in situ
de células escamosas, Papulose Bowenoide,
Eritroplasia de Queyrat e Doença de Bowen da genitália.
Pacientes que têm verrugas genitais
podem estar infectados simultaneamente
com vários tipos de HPV.
Os tipos 6 e 11 raramente se associam
com carcinoma invasivo de células
escamosas da genitália externa.

Diagnóstico:

Clínico - pelas lesões já citadas;

Biópsia;

Hibridização in situ, PCR,

Captura Híbrida - diagnóstico definitivo da infecção pelo HPV ;

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Tratamento:

Os tratamentos disponíveis para condilomas são: crioterapia, eletrocoagulação, podofilina, ácido tricloroacético (ATA) e exérese cirúrgica.

Importante o acompanhamento clínico, com exame preventivo sistemático e aconselhamento. Também é de suma importância que o médico solicite Anti-HIV e VDRL ( + FTA-abs), para afastar a possibilidade de outras DST ( AIDS e sífilis).

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Prevenção:

Camisinha usada adequadamente, do início ao fim da relação, pode proporcionar alguma proteção. Ter parceiro fixo ou reduzir número de parceiros. Exame ginecológico anual para rastreio de doenças pré-invasivas do colo do útero. Avaliação do(a) parceiro(a). Abstinência sexual durante o tratamento.

Em 2006 foi aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a utilização da Vacina Quadrivalente produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme contra os tipos 6,11,16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos que não tenham a infecção. Esta vacina confere proteção contra os vírus citados acima, os quais são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero (tipos 16 e 18) e 90% dos casos de verrugas (condilomas) genitais (tipos 6 e 11).

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INFECÇÕES GONOCÓCICAS
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A Gonorréia é causada por uma bactéria - a Neisseria gonorrhoeae ( gonococo). É doença de transmissão sexual, embora contaminação indireta possa ocorrer, bem como infecção perinatal. Sinonímia: blenorragia, blenorréia, esquentamento, estrela matutina, fogagem, gota militar, pingadeira.

Manifestações Clínicas no Homem:

Após a relação sexual, segue-se período de incubação de 2 a 10 dias. Ardor, prurido ( coceira), eritema ( vermelhidão) no orifício uretral e eliminação de muco são os sinais e sintomas iniciais. Com a progressão do processo, aparecem supuração e exacerbação do prurido e do ardor, com sensação de suspensão da micção. Sensação de mal-estar e estado subfebril podem surgir. Excepcionalmente, pode ocorrer inflamação na glande e no orifício uretral, com pequenas ulcerações.

Complicações:

Quando não tratada, ou tratada inadequadamente, podem ocorrer inflamação dos condutos parauretrais e periuretrais, inflamação da glândula de Cowper, prostatite, epididimite, orquite e cistite.

Obs: Infecções assintomáticas podem ocorrer em cerca de 10% dos casos.

Manifestações Clínicas na Mulher:
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A infecção uretral na mulher é incomum. Quando ocorre, pode se apresentar como edema no meato uretral, secreção uretral e ardor à micção. Por vezes, surgem sintomas inespecíficos como secreção vaginal, disúria e sangramentos genitais. No entanto, na sua grande maioria, pode passar despercebida. O fato de não haver sintomas (caso da maioria das mulheres contaminadas), não afeta a transmissibilidade da doença.

A infecção sintomática não tratada pode evoluir para complicações como: salpingite, abscesso tubo-ovariano e peritonite, constituindo o quadro da doença inflamatória pélvica ( DIP); Obstrução e infecção da glândula de Bartholin; Gravidez ectópica; Esterilidade; Abortamentos; Parto prematuro; Oftalmia Neonatorum.

Infecções Gonocócicas Extragenitais: Além das complicações locais, poderão surgir outras afecções em regiões distantes do aparelho genital.

Gonococcia Oftálmica
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Ocorre no adulto, por inoculação acidental , sendo caracterizada por edema palpebral e secreção purulenta, geralmente acometendo ambos os olhos.

Orofaringite Gonocócica - pode ser assintomática ou se apresentar com eritema de faringe e inflamação das amígdalas com secreção purulenta.

Anorretite Gonocócica - geralmente assintomática; quando sintomática, surgem ardor, secreção purulenta ou sanguinolenta anal e tenesmo.

Gonococcia Disseminada - A infecção gonocócica disseminada (IGD) resulta de bacteriemia gonocócica e ocorre em 0,5 a 3% dos pacientes infectados. Artrite séptica e uma síndrome característica de poliartrite e dermatite constituem as manifestações predominantes, e a IGD representa a principal causa de artrite infecciosa em adultos jovens23 36 48. As complicações raras incluem a endocardite, a meningite, a osteomielite, a sepse com síndrome de Waterhouse-Friderichsen e a síndrome da angústia respiratória do adulto.

Fatores de risco: Promiscuidade, sexo casual sem preservativo, relações sexuais com parceiros ou parceiras com lesões e/ou secreções na área genital e anal, sexo grupal, sexo sem preservativo, sexo oral em parceiros ou parceiras com lesões e/ou secreções na área genital ou anal, sexo anal em parceiros ou parceiras com lesões e/ou secreções na área genital ou anal

Diagnóstico:

Identificação do N. gonorrhoeae em um local infectado; O isolamento por cultura representa o método diagnóstico padrão e sempre deve ser utilizado; Uma simples cultura em meio seletivo mostra sensibilidade de 95% ou mais para amostras uretrais de homens com uretrite sintomática e 80-90% para infecção endocervical nas mulheres, dependendo da qualidade do meio e da adequação da amostra.

Tratamento:

Recomenda-se como terapia inicial um dos quatro esquemas terapêuticos alinhados abaixo ( doses, efeitos colaterais e orientações adicionais - com orientação médica):

Ceftriaxona

Cefixime

Ciprofloxacina

Ofloxacina

Mulheres grávidas com gonorréia não complicada devem ser tratadas com ceftriaxona. A espectinomicina pode ser utilizada em gestantes com história de alergia à penicilina ou às cefalosporinas. A doxiciclina e as quinolonas mostram-se contra-indicadas na gravidez.

Independente do antibiótico de única dose escolhido, o tratamento inicial deve ser seguido de um terapia ativa contra Chlamydia trachomatis. Além de tratar a infecção pela Chlamydia, dar uma segunda droga pode reduzir o potencial de seleção de gonococos resistentes. Os esquemas recomendados são com Doxiciclina ou Azitromicina

Os pacientes com infecção gonocócica disseminada devem ser tratados inicialmente com ceftriaxona por 14 dias.

Infecções não complicadas em crianças e neonatos devem ser tratadas com ceftriaxona. A conjuntivite e a doença disseminada devem ser tratadas por 7 a 10 dias.

Manejo do Parceiro Sexual:

O manejo dos parceiros sexuais representa parte integral do tratamento de pacientes com gonorréia e outras doenças sexualmente transmissíveis. Os parceiros devem ser examinados e tratados com uma das drogas recomendadas, independente da presença de sintomas.

Como se Prevenir das DST:

Usar preservativo ( camisinha), do início ao fim da relação- Nas relações sexuais (sexo genital, oral e anal) use sempre camisinha. Não use somente na ejaculação. Use em qualquer contato sexual

Ter parceiro fixo ou reduzir numero de parceiros


Se você acha que pode estar com DST, procure um médico, que é o profissional capacitado para diagnosticar e tratar essas moléstias.
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Outras DST - abordaremos posteriormente.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Bom trabalho, doutora. Todo mundo precisa saber que existe essas doenças e é preciso se prevenir.Encontrei o que precisava para o trabalho da faculdade.

Joseneide ( Josy)
S. José dos Campos - SP

Anônimo disse...

Excelente espaço de divulgação e dádiva ao outro. Útil. Um bom ano novo pleno de saúde, alegria e amor.

Sandra disse...

Muita loucura tudo isso. O que o ser humano faz com o seu corpo. Uma loucura. Até dá medo em olhar.
Vou tirar um tempinho para ler tudo com muita atenção.
Bjs.
Sandra